17 marzo 2008

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secar a pele, nutrir a pele, fazer do quente a toalha

e assim por diante estar muito perto,
aos poucos poderei dizer estar dentro,
dentro mesmo de onde moro,
tem noites em que vem só o susto.

parece que no outro domingo essa ainda não era a casa, então era mesmo o protótipo de casa e eu ficava e fotografava, me estendia no ensaio de habitar a grande novidade.

eu fiquei a semana toda louvando aquele domingo.

mas hoje, hoje era domingo então eu não soube mais sair daqui, não fiz bater as pernas pra ver o filhote do kazuo ohno, ainda que ame a paulista, sobretudo naquela altura, porque para chegar naquela altura sempre significa já ter andado um tanto,
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é, deve ser, deve ser que não tem outra: é preciso reverter cada domingo de um jeito novo, num gesto bem grande e diverso

16 marzo 2008

secar a pele, nutrir a pele, fazer do quente a toalha


e assim por diante estar muito perto,

aos poucos poderei dizer estar dentro,

dentro mesmo de onde moro,

tem noites em que vem só o susto.


parece que no outro domingo essa ainda não era a casa, então era mesmo o protótipo de casa e eu ficava e fotografava, me estendia no ensaio de habitar a grande novidade.


eu fiquei a semana toda louvando aquele domingo.


mas hoje, hoje era domingo então eu não soube mais sair daqui, não fiz bater as pernas pra ver o filhote do kazuo ohno, ainda que ame a paulista, sobretudo naquela altura, porque para chegar naquela altura sempre significa já ter andado um tanto,



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acho que não há mesma semana, acho que não tem mais solução: os domingos precisam ser revertidos a cada vez de um jeito diverso

10 marzo 2008

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Ne laisse pas le soin de gouverner ton coeur à ces tendresses parentes de l'automne auquel elles empruntent sa placide allure et son affable agonie. L'oeil est précoce à se plisser. La souffrance connaît peu de mots. Préfère te coucher sans fardeau: tu rêveras du lendemain et ton lit te sera léger. Tu rêveras que ta maison n'a plus de vitres. Tu es impatient de t'unir au vent, au vent qui parcourt une année en une nuit. D'autres chanteront l'incorporation mélodieuse, les chairs qui ne personnifient plus que la sorcelleire du sablier. Tu condamneras la gratitude qui se répète. Plus tard, on t'identifiera à quelque géant désagrégé, seigneur de l'impossible.
Pourtant.
Tu n'as fait qu'augmenter le poids de ta nuit. Tu es retourné à la pêche aux murailles, à la canicule sans été. Tu es furieux contre ton amour au centre d'une entente qui s'affole. Songe à la maison parfaite que tu ne verras jamais monter. À quand la récolte de l'abîme? Mais tu as crevé les yeux du lion. Tu crois voir passer la beauté au-dessus des lavandes noires...
Qu'est-ce qui t'a hissé, une fois encore, un peu plus haut, sans te convaincre?
Il n'y a pas de siège pur.

_René Char, J'habite une douleur. 1962.



Não deixe o mando de teu coração a cargo dessas ternuras parentes do outono de quem emprestam marcha mansa e sua afável agonia. O olho é precoce ao dobrar-se. O sofrimento conhece poucas palavras. Prefere deitar-se sem peso: sonhará no amanhá e teu leito será leve. Sonhará com tua casa sem vidros. Você fica impaciente pra se unir ao vento, ao vento que percorre um ano numa noite. Outros vão cantar a incorporação melodiosa, as carnes que não personificam mais do que os feitiços da ampulheta. Condenará a gratidão que se repete. Mais tarde, será confundido com algum gigante em desalinho, senhor do impossível.
No entanto.
Só fez aumentar o peso de sua noite. Está de volta à pesca das muralhas, à canícula sem verão. Está furioso com seu amor no centro de um acordo que enlouquece. Sonha com a casa perfeita que jamais verá crescer. Até quando a colheita do abismo? Mas vazou os olhos do leão. Crê ver passar a beleza acima das lavandas negras...
Quem te alçou, mais uma vez, um pouco mais alto, sem te convencer?
Não há base pura.